OCINÓRI - A Tasquinha do Irónico

segunda-feira, outubro 30, 2006

EXCELENTE

Todos nós sabemos que o futebol nem sempre é o veiculo social que realmente desejamos. Mas de vez em quando esse papel é atingido.
Para quem não sabe, o Futebol Club de Barcelona sempre teve o papel de ser um clube pela resistência e imagem de marca (quer social, cultural e identidade) da Catalunha. E neste aspecto, o clube desta região (ou “país”), tem uma regra de não pôr publicidade nas suas camisolas… argumentando que seria vender uma “baluarte” cheio de enorme simbolismo.
Reparei que este ano existe “publicidade” nas camisolas do Barça e ainda não tinha conseguido ver o nome e já estava a fazer-me espécie tal acto dos directores deste clube. Mas não!
Não venderam a camisola… e neste momento esta bandeira da Catalunha juntou-se à da Unicef.
É esta a pureza do futebol que tanto adoro… Fico feliz deste acordo e esta instituição das Nações Unidas bem merece esta publicidade!
Penso que a Unicef merece esta publicidade e muito mais…
Pode ser que no futuro outros clubes adiram a esta ideia e assim façam publicidade a Instituições que lutam todos os dias por um Mundo um pouco melhor!
Bem haja!


terça-feira, outubro 24, 2006

QUE NOSTALGIA... HOJE!

Este tempo é um completo hino à nostalgia… e esta dor no meu coração não sai!
Acho que não tomei os comprimidos… mas ajuda-me ler um pouco Fernando Pessoa!

"AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."

Fernando Pessoa

Biba à Velha!

PELA MADRUGADA

Estava quase pronto para arrancar de fim de semana… eis que as coisas complicam-se! Isto em relação a estados d’alma... Que complexidade!
E mais uma vez falei sincero… mas adiante!
Alarguei-me na noite e já era de madrugada quando regresso ao meu ninho… Vejo os créditos finais de um filme de um dos canais nacionais e preparo um mini lanche para confortar o estômago até às 2, 3 ou 4 horas da tarde!
Enquanto lutava com um naco de pão com um presunto, os meus olhos (completamente extasiados) não perdiam um segundo da… Televendas!
Fogo… Aquilo é emocionante!
Uma máquina de costura por um preço irrisório! Dava-me jeito para arranjar as bainhas das calças…
Um jogo de panelas! Com uma quantidade fabulosa de quilates d’ouro e sem a Vá Com Deus… Que mais podia pedir a Deus?
Uns comprimidos para emagrecer… Como me davam jeito! Os meus fabulosos abdominais foram substituídos por um spot publicitário da Super Bock!
Ainda bem que não tinha saldo no telemóvel, senão tinha ficado sem "graveto" na conta!
Como eu sou um tanto saudosista… as televendas ainda estão a quilómetros de distância desse emocionante jogo!
O jogo entre as formigas brancas e as formigas pretas, que dava logo a seguir ao hino nacional, no canal estatal!
Que espectáculo!
Que assombro!
Eram sempre jogos muito equilibrados e imprevisíveis… A expectativa de a qualquer momento uma delas dominar o jogo… Fogo! Isso é que era televisão pela madrugada!
A única vez que vi um jogo bastante desequilibrado (estavam as pretas a dominar…) foi num dos muitos fins-de-semana que passei na Serra da Estrela!
Estava a nevar e um temporal próprio das terras altas (ainda hoje não sei como a antena não se soltou do telhado) e se calhar por causa disso é que as brancas estavam a perder…
Não se adaptaram ao terreno e às condições climatéricas!

POSTA INFLAMADA UPA LARUCA

Por pouco habitual que seja, ou por muito mal que fique, estar de acordo com medidas tomadas por algum Governo, sou incapaz de, avaliando o actual, dizer outra coisa que não seja: estão a tomar as medidas necessárias, imprescindiveis, inadiáveis. Quando mais se espera, mais dói.
Devo dizer que, completamente fora do âmbito da senda histérica anti-funcionalismo-público, continuo a achar estranhíssimo que só se fale de funcionários públicos, de professores, das finanças. Quanto aos sindicalistas ou andam a brincar ou então estão mesmo no tempo errado. Quanto aos tótós que funcionam no sector privado, desses ninguém fala. Nem os jornalistas ultra esclarecidos, nem os comentadores residentes com ar ultra sensato, nem os ex-totopolíticos (são uns tipos que, por mero acaso, durante uns meses foram governo deste país) que, movidos por forças aleatórias salpicam alguns espaços pós noticiários. Ninguém. Os trabalhadores do sector privado não interessam, ou não têm problemas ou estão tão bem que deveriam servir de exemplo. Eu, por mim, fico felicíssimo por tem um emprego. Sou um sortudo que gosta do que faz e que está rodeado de gente com boa onda. Há dias bons e dias maus.
Voltando a algumas medidas recentes do Governo:
- escândalo de cobrar irs aos pensionistas: não existe novidade, sempre se cobrou, o que houve foi uma actualização. Estranho é os doutores jornalistas não saberem disto.
- escandalo das scuts: scuts no interior e nas àreas desertificadas, sim! – mas no Porto? – faz algum sentido?
- escândalo de aumentar em 1% as contribuições para a ADSE: para haver benefícios tem que haver receitas senão a coisa rebenta
- escândalo do aborto: metem-me nojo os queques do CDS cheios de base nas fuças e laca nas tranças que, apesar de andarem entretidos num processo de intra-traulitada não se esquecem de tentar introduzir manipulação que vale zero nos media; mudem lá a p#ta da lei que já vão sendo horas! Os tipos do cds são só dois ou três queques asilados no Parlamento.
- escândalo da crise: bem... parece que não acabou; mas é de positivismo e ambição que precisamos. Aquilo que há a fazer é 1) sair desta, 2) não entrar noutra e 3) aproveitar para ir suplantando os nossos concorrentes. De tanta má noticia que os media veiculam ficamos a pensar que o mundo é só aquilo.
Bom e chega senão rebento eu...
...Só mais um:
Escândalo é os media não informarem como deve ser e tentarem fazer cachas com falácias umas vezes – ignorância outras.

segunda-feira, outubro 23, 2006

POSTA INFLAMADA SEM NOME


Ultimamente tem-se falado muito acerca da liberalização do mercado energético, nomeadamente do mibel, e das consequências positivas que a nova regulamentação trará para os consumidores. É só coisas boas.
Para além das habituais campanhas de desinformação, aquilo a que um tipo minimamente esforçado assiste é precisamente o contrário.
Ou seja, as tvs e os jornais estão pejados de articulados factuais e opinativos fabricados por recém-especialistas do assunto mas, verdadeiramente, a sensação que fica é que ninguém sabe concretamente do que se trata. Mais. O preço da energia eléctrica tem subido em abundância e não esqueçamos as sobretaxas que se inventaram para encher o bolso aos pançudos do costume. Espetam-me na factura com uma taxa audiovisual, a mim, que paguei a minha televisão, paguei as infraestruturas lá de casa e pago uma pipa de massa mensalmente à tvcabo. E nem chego a ver a porcaria da televisão. Contudo lá está, mensalmente a minha contribuição audiovisual. No meu recibo de salário também está lá uma coisa chamada “retenção na fonte de irs” que deveria servir para pagar essas coisas.
Durante o primeiro quadrimenstre deste ano a factura energética da minha entidade patronal aumentou 20% devido à tal liberalização e, convidada a pronunciar-se, a EDP disse-nos que o mercado é aberto – que é como quem diz: “ide pastar”.
Desde 4 de Setembro, o mercado doméstico também ficou liberalizado e a edp até criou uma nova empresa, a edp 5d, para operar nesse mercado. Não sei porquê mas fico com a sensação que isto é tudo a fingir e alguém se está a rir perante a geração impune de tanto asneiredo.
Para o ano parece que vai subir 6% no mercado doméstico mas, há uma semana, quando se falava em 16%, apareceu um anormal, num “dia mau”, a dizer que a culpa era dos consumidores que tinham originado um défice tarifário. Já agora: alguém me sabe explicar o que é este défice tarifário e como é que ele vale 400 milhoes de euros? É que a EDP lucrou, em 2005, um record histórico de 1000 milhões de euros.
Este tipo de empresas, têm sido parcialmente privatizadas mas subsistem políticas que fazem com que sejam subsidiadas directamente pelos consumidores – sim!, porque o Estado já não o pode fazer. Eis que o faz encapotadamente.
Farei como faço relativamente à PT: contratarei apenas o que for vital e assim que vier a concorrência (nacional) passo-me – nem que seja mais caro! Tal como está a acontecer aos segmentos onde a PT não é monopolista, a EDP há-de perder clientes que se sentem chulados. Se depender de mim.....

[Um último grito de guerra: mandem instalar um bi-horario (gratuitamente) e liguem as máquinas de lavar à noite (a roupa estende-se de manhã). Nem que gastem uns contitos num temprizador para ligar as máquinas às 4 da manhã. O preço no horário nocturno é metade. Vale a pena.]

quarta-feira, outubro 18, 2006

AS TRAPALHADAS DOS CAMPEÕES - VOL. I

Bujarda da Semana (na linguagem ocinoricense, bujarda é um tipo de tiro de pólvora seca mas que faz mais moça do que chumbo de uma caçadeira de canos cerrados) - O grande vencedor da semana vai para… Manuel Pinho, Ministro da Economia! - “A crise já passou!”
Um lance completamente falhado com uma enorme bujarda… Alguém que acerte o calendário deste senhor porque estamos em Outubro de 2006 e não no dia 1 de Abril de 2063!
Dúvida da Semana – A Associação Académica de Coimbra / OAF tem tido um peculiar rendimento na Primeira Liga. A soma é esta… O nº de jogos + o nº de golos marcados – o nº de golos sofridos = nº de expulsões da AAC neste campeonato.
A minha dúvida é… contrataram jogadores de futebol ou pugilistas? Ou existe uma nova secção nesta Instituição?
Esperança da Semana – Hoje à noite, o Sporting C.P. joga contra os bávaros (e da Alemanha) do Bayern Munique. Caso ganhe, o clube Português fica com enormes possibilidades de seguir em frente na Liga dos Campeões. Mas para mim, é mais certo que daqui a uns meses se jogue na Assembleia da Republica o Orçamento Rectificativo do Orçamento de Rigor de 2007 do que o Sporting jogar a 2ª fase da maior competição europeia de clubes de futebol!
Empurrão da Semana – O FêCêPê, ontem, encheu o papo… mas quem terá sido o grande responsável desta gorda vitória?
Não! Não foi o Anderson… Foi o Papa!
Piada da Semana – Ontem em Glasgow, o Benfica teve que gramar com os católicos… mas durante a semana vai ter que gramar com os protestantes!

Saudações!!!!

terça-feira, outubro 17, 2006

ESTÁ NO SANGUE...

O sentido de “desenrasca” e o humor pleno de oportunidade é para mim, sem dúvida, as maiores virtudes de um ser humano considerado Português!
Que posso dizer mais?




Está no sangue! Está no sangue!

quarta-feira, outubro 11, 2006

OS DIAS…

Depois de horas incessantes de procura pela internet… consegui encontrar aquilo que desejava!
Fiquei com bolhas nos dedos, olhos esgrouviados e suor no teclado de tanta busca… Eureka!
Todos nós sabemos que existem hoje dias para lembrar (quem diz lembrar pode dizer comemorar, consciencializar ou publicitar) algo que nos rodeia a cada hora ou minutos!
Pode ser o Dia Mundial Contra a Sida, Dia Europeu Sem Carros, Dia da Doença Alzheimer, Dia Mundial do Livro, Dia Mundial da Paz e outros tantos…
Chegam a ser tantos, que devem passar os 365 dias do ano… já para não falar dos anos bissextos!
É agora que falo e escrevo da minha busca…
E qual é o dia Mundial/Europeu/Nacional/Regional/Local do Politico? Alguém sabe? Demorei horas a encontrar…
Aqui vai a resposta… dia 1 de Abril!
Só podia… não é?

segunda-feira, outubro 09, 2006

FOI MAIS OU MENOS ASSIM TRÊS

Quando eu tive uma certa idade, numa certa altura, comecei a interessar-me por certas coisas. Ironicamente (ou ocinoricamente - sem acento, porque não se acentuam os advérbios de modo!!!) foi uma professora de Lingua Portuguesa (lembras-te Tente, da Velha que tinha o caniche na cabeça?, no décimo ano?) quem catalizou aquilo que ainda era um pequeno estímulo para as tais certas coisas. E a coisa que essa Velha fez foi espetar à frente do meu nariz uma coisa chamada Mário de Sá Carneiro e, porque era essa a sua profissão (e talvez mais do que a profissão), explicou o significado de cada palavra e verso de alguns dos seus poemas. Foi uma coisa boa que deu origem a mais coisas boas.

"
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
"


Parece que a moda do copy paste está a pegar, mas que se lixe.
Parece que a moda do pseudo esoterismo barato também está a pegar - que se lixe.


(Será que a Velha ainda é viva?)

MEU PORTUGAL... MEU PEQUENO PORTUGAL!

Não sei se será um hino... mas poesia é de certeza!
Não sei se diz muita coisa... mas a mim diz-me!
Não sei se alguém revê um passado, um presente e um futuro... mas eu vejo!
Não sei se é lindo... mas eu vejo a sua beleza!

"O Nome do Sal


Traz-me de novo a memória de outros dias
Ter raiz nas romarias
Nas danças, nas cantorias
Na forma de se espraiar de um sonho errante
Em terra vasta e distante
Procurando o sal


Sinto voltar a saudade na cumprida
De palavras e vontades
De gestos e ansiedades
Das coisas que ainda não há mas que já estão
Na forma da nossa mão
Procurando o sal


Ah que os mares abertos fossem ventos
Fossem caravelas
Novos sonhos conquistando
Ah que o céu descubra rumos nossos
Nossas estrelas
Navegando


Molha-se a alma no suor da descoberta
Na pulsação da terra
De sonho e de pão repleta
A raiz outra vez a rebentar
Nova terra, novo mar
Procurando o sal


Seja de novo o impulso de viver
Para além de ir aguentando
E às cegas ir caminhando
Porque o dia tem cor do que é preciso
E pulsa no chão que eu piso
O sangue de Portugal


Ah que os mares abertos fossem ventos
Fossem caravelas
Novos sonhos conquistando
Ah que o céu descubra rumos nossos
Nossas estrelas
Navegando"

Mafalda Veiga - "O Nome do Sal" no album "Cantar" de 1988
...
Meu Portugal...
Meu Pequeno Portugal!

PARA ME CONHECER MELHOR...

Quando vemos teias a serem construídas… pedaços de nós se perdem e se misturam numa dança lenta de se construir algo na vida, passando um pouco o significado de nos sentirmos aranhas na construção de algo. Sabendo à partida que tudo na vida é momentâneo, fugaz e que a felicidade não é mais do que uns breves minutos ao se atingir (se alguma vez conseguimos) a própria evolução e desenvolvimento do ser.
Sentir algo criterioso que nos apela há nossa existência daquilo que realmente somos. Para me conhecer melhor… existem espaços temporais que nos levam a pensar como somos, o que queremos, ambicionamos na busca de resposta para um prolongamento de poucos instantes em que realmente nos sentimos felizes! Pode-se sonhar e ter esse instante, como o jorrar da mais límpida água que vai matando a sede do nosso ser… e para me conhecer melhor necessito desse humanismo das palavras escolhidas por Dostoiesvki, da busca de Herman Hesse, da simplicidade de Hemingway, da forma poética de Fernando Pessoa, da elegância de Sebastião da Gama ou da pureza de Ruy Belo… acaba-se… e acaba-se um momento de felicidade e encontramos mais um trilho… nessa procura!
Sentir a irreverência das notas musicais dos The Doors, a violência compositora dos System Of a Down, o voar entre acordes de Mike Oldfield ou o escutar a voz melódica de Katie Melua… e, mais uma vez, por breves segundos atinjo esse trilho de me sentir completo… até acabar a melodia que me encerra… num novo começo na procura de respostas!
Tudo é tão fugaz!
Pode durar mais do que breves minutos, quando entramos como espectadores da nossa alma e nos revisitamos na apreciação de qualquer quadro de Goya ou de Hieronymus Bosch… pode-nos causar uma enorme dúvida no poder de decisão de cada um dos trilhos a optar! E por outros breves instantes pode-se ter o sonho de poder voar pelas asas de Pégaso na identificação comprometedora de que somos parte integrante de um filme de Steven Spielberg ou de Marco Martins… na expectativa de, não as asas mas sim a mente, se derreter à medida que nos encontramos no capítulo final de se encontrar a verdadeira essência da vida!
Nada é efémero!
Podemos sentir a felicidade a transbordar os nossos poros por cada abraço, seja ele tornado pela simplicidade do acto de tocar, seja pelo encurtar as distâncias que deslumbram por montes e vales… que nos servem somente para encarcerar o corpo e dar significado das coisas triviais que nos une. Simplicidade de um sorriso… simplicidade no transporte… para sentirmos essa felicidade de se ser amigo!
Venha essa ceia entre todos que têm um fundamento de partilhar várias almas…. Várias fases d’ alma!
Para me conhecer melhor…
Venha a refeição, os amigos, a musica, a corte… Venham os lábios para se viver o momento… Venha a lágrima para se afundar o sentimento… Venha a salinidade dessa gota que tempera os movimentos em torno desses breves segundos… Ter-te!
São com esses breves segundos (podem ser minutos, horas ou dias) que o silêncio começa amordaçar a santa realeza do pensar… o tumulto dos sentimentos alteram-se no caminhar do perfil da própria essência do ser.
Para me conhecer melhor… sabendo que a felicidade só dura o que realmente nós queiramos que ela dure… podendo atingir um ponto máximo quando negamos a luz da passagem e estendemos a vontade da sublime rendição da vida!
Não sou simples… e nessa simplicidade vou vivendo!
Tudo… para me conhecer melhor!



(não liguem… um desabafo sobre a felicidade duradoura que nunca hei-de atingir! Nem eu… nem ninguém!)

quarta-feira, outubro 04, 2006

SERÁ DEMAIS PEDIR PROGRESSO?

Está tudo pronto?
Dêem-me gás (para continuar a sobreviver)!
Três, dois, um, vai continuar
uma espécie de fado em versão de pesar
com estas coisas de mão nos bolsos e ar de chorar
Em 2004 o campeonato não mudou o nosso fadodo coitado, do comido
Porque é que eu continuo a queixar-me do que podia ter sido?
Mas é. E a culpa nunca é do Trocas
é do funcionário, é do petróleo, é de quem nos dá uma sova.
Mais. Queremos mais, é um murro na mesa.
Um grito de desespero em versão portuguesa.
Porque até hoje, quase tivemos, quase vencemos, quase vivemos…
Mas porquê quase? …Continuemos na mesma fase.

Sofre mais!
Sobrevive mais!
Mais ais, mais ais, mais ais!
Merecemos muito mais!

O conceito é muito simples: não reivindicar.
Mas será que é chato aquilo que acabamos de conquistar?
É chato agora, acreditem que isto não é uma ilusão:
nós sobrevivemos em Portugal e contamos com o Durão,
o Sócrates, o Cavaco, o Costa e a conversa da treta.
Razões para querermos muito mais que um vencimento que não nos comprometa.
Será de mais pedir progresso?
Nada que um politico não queira manter o retrocesso.
Bonito, bonito, é dar sempre o litro,
É não passar a vida a pôr culpas no politico.
Vá lá gemer uma vida inteira, anos a fio, o que for
do princípio ao fim, chega, por favor.
Vamos lá, afinem-me essa voz
No fim, só ganha um… e nunca seremos nós.

Sofre mais!
Sobrevive mais!
Mais ais, mais ais, mais ais!
Merecemos muito mais!

Geme mais!
Sua ainda mais!
Mais ais, mais ais, mais ais!
Merecemos muito mais!


Custa tanto assim viver nestes viveiros
no fundo, é só uma soma de alguns com dinheiro.
Era bonito… Um vencimento aqui, um abono ali…
Qualidade de vida para toda a gente, viver a vida que ainda não vivi.
Vamos lá transformar isto numa grande festa
Sem pressão, sem corrupção, e o progresso é o que nos resta
Por isso, escuta: não te esqueças que em Portugal, a sorte protege os filhos da puta.
Não nos levem a mal a exigência
Mas p'a 3º mundistas e espoliados não há grande paciência.
Queremos mais, muito mais, mais audaz
Zé Povinho, já vimos do que és capaz.
Sabes que para viver é preciso ter cabeça.
E os chulos que não nos comprometa.…

querem mais?

Então vamos lá pôr isto ao avesso
Quem não salta, é português e teso
Sempre com o desejo de cantar no final
"levantai hoje de novo o esplendor de Portugal".
Tudo a postos,
vamos ter fé uma vez na vida
e ser europeu de cabeça erguida.
Se tamos lisos, temos dividas, temos precariedade, temos falta de liberdade
Se temos tudo, porque é que o português não se queixa?
…Era esta a vossa deixa.

Sofre mais!
Sobrevive mais!
Mais ais, mais ais, mais ais!
Merecemos muito mais!

Geme mais!
Sua ainda mais!
Mais ais, mais ais, mais ais!
Merecemos muito mais!


Passou a CEE86, a Expo98, as Capitais da Loucu… Ops da Cultura, o Euro2004 e o nosso fado continua o mesmo… será uma normalidade no meio de anormalidades ou uma anormalidade no meio de normalidades?

segunda-feira, outubro 02, 2006

A SOLUÇÃO SEM SOLUÇÃO

Actualmente existem instituições neste planeta que as suas funções não vão além do que realmente se propuseram… Viva!
Uma das ilhas mais misteriosas do mundo situa-se no Oceano Pacifico… a ilha de Páscoa!
Uma belíssima história no contexto de uma civilização e com um enorme rasgo de sacrifício a nível de edificação das várias estátuas moais!
Arrepia-me um pouco esta maneira de se louvar os deuses… Não pelo que elas são mas no sentido em que estas foram edificadas. Enormes, sisudas, a impotência de mudar o rumo dos acontecimentos, um olhar esperançoso no horizonte longínquo do mar e de costas voltadas para uma civilização que à custa destas acabaram por se extinguir… Peço desculpa pela forma resumida dos moais e desta ilha mas não tenho muito jeito para ser um pseudo-pedagogo!
A complexa história da ilha da Páscoa lembra-me sempre, numa analogia deveras sincera, o papel que todos os dias a Organização das Nações Unidas desempenha!
De costas voltadas para o mundo… o louvar deuses tão mortais como eu… a extinção massiva da raça humana… o medo da força por vontades ocultas ao poder… e a moral assente no olhar no firmamento à espera de que algo aconteça em beneficio de todos…
A Ilha de Páscoa situa-se no Oceano Pacifico a 4.000 quilómetros a oeste do Chile mas à medida que o tempo passa, vai-se prologando até Nova Iorque… Enfim o nosso mundo!


FOI MAIS OU MENOS ASSIM DOIS

Serrei mais uma fatia do José Gomes Ferreira e espero que não me mandem encarcerar por desconjuntar poesia alheia.


(...)
Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.


Qualquer fiscal de direitos autores por mais marreta que seja, acho que perdoa, depois de ler isto.

Viva a chuva que já fazia falta! Venham os dias cinzentos e o frio de rachar! Os raios e coriscos! - e a sua vibração; os salpicos na grade da varanda! A geada! O ribombo do mar ao longe!
Iuupi!! - vem aí o Inverno! (reminder: mudar o Vivaldi)

FOI MAIS OU MENOS ASSIM UM

Há pouco mais de 10 anos descobri que existia uma coisa chamada José Gomes Ferreira.
Serrei uma fatia do que mais fortemente ficou gravado nesta cabeça de vento:

(...)
E obrigam-me a viver até à morte!

Pois não era mais humano
Morrer por um bocadinho
De vez em quando
E recomeçar depois
Achando tudo mais novo?

Ah! Se eu podesse suicidar-me por seis meses
Morrer em cima dum divã
Com a cabeça sobre uma almofada
Confiante e sereno por saber
Que tu velavas, meu amor

Quando viessem perguntar por mim
Havias de dizer com teu sorriso
Onde arde um coração em melodia
Matou-se esta manhã
Agora não o vou ressuscitar
Por uma bagatela

(...)


Receber uma coisa destas, ainda por cima assim de borla, é bom, n
ão é?