NUMA CASA DE BANHO...

A verdade é que todos eles se queixam…
Imaginem o ciúme que vai entre o lavatório e o espelho. O lavatório queixa-se que é ali que lavam as trombas, com a agravante que logo pela manhã assiste a cada focinho com um humor do piorio e a ouvir desabafos asneirentos de que mais um dia começou! É com a pasta de dentes, que metade dela fica no lavatório, as cuspidelas a lançar o que não interessa desse ritual pela manhã. Os pêlos da barba… irritantes! Fica sempre ali um pêlo a meter nojo com um bocado de espuma de barbear… Depois de ter que suportar com milhões de frascos de perfume, cremes, cotonetes e mais outras tantas porras que alguém inventou porque não queria tomar banho… Meu ganda porco!
Por isso o lavatório, coitado, diz que o espelho tem mais sorte… Quase que concordo plenamente!
O espelho é o maior enganador de todos os tempos… É verdade! Antes de pôr os óculos ou as lentes até me acho bastante bonito… digno de um Don Juan! Depois de os pôr, o espelho muda completamente de opinião! Também nos engana, quando nós olhamos e encontramos uma borbulha e o espelho diz-nos que não é nada de grave, ficando este na sua hipocrisia gozando connosco, quando afinal aquele monstro que trazemos é das coisas mais repugnantes e nojentas que se espremermos mais parece uma explosão de um enorme vulcão quase extinto!
E a banheira? Hum? Sempre exposta ao mais vulgar dos tabus de quase toda as pessoas! É verdade, que algumas delas têm uma panorâmica fabulosamente bela, mas tão facilmente fazemos esse pensamento idílico como também imaginamos o reverso da medalha… Ops! Tanto me alegra como me arrepia!
A verdade é que as pessoas têm sempre vergonha da banheira que têm! É verdade! Alguns põem um cortinado para não a vermos e outros mais inteligentes e abonados de dinheiro montam em alumínio ou PVC uma autêntica marquise na casa de banho! Sim aquilo é uma marquise interior! Outros também a utilizam como complemento da retrete… a sério! Quando o puto que ainda usa fraldas e manda uma daquelas cagadas tão violentas que vai desde o calcanhar até ao pescoço, ouvimos logo o instinto maternal a dizer a altos berros:
- Abre-me esse presente na banheira por amor de deus! Pô… Que cheiro!
Outros ainda, utilizam-na como extensão de limpeza e deixam lá as carpetes ainda molhadas, as calças húmidas (claro que ter um tanque não é para todos!) ou então, aquela roupa com uma nódoa da violência de uma bebedeira com um cheiro completamente azedo de um vómito!
É na retrete que todos nos aliviamos aquilo que o nosso organismo rejeita… a vida custa a todos mas para uma sanita… é demais! Um avião vê a floresta de cima para baixo e a retrete vê a floresta de baixo para cima… Afinal olhar de baixo para cima também é um sinal de humildade… mas excesso de humildade também cheira mal!
Nós na retrete não temos confiança nenhuma… nenhuma mesmo! Temos de ter sempre um mecanismo com um reservatório de água e um adorno para que cheire bem… assim como nós! O Wc pato está para a sanita assim como o perfume está para nós, logo não valemos grande coisa e também é verdade que gramamos com muita merda de outras pessoas! Realmente é triste a vida de uma retrete…
E agora o mais sortudo deles todos… para mim claro… o bidé! No bidé pode-se lavar o pé! No bidé podemos nos lavar de pé!
O bidé é aquele que nos encara de frente… sempre! Nós é que nos podemos pôr de costas… cobardemente! Penso que é um dos utensílios que mais sofreu com os desenvolvimentos tecnológicos… aquilo de ter uma torneira com mira para podermos apontar ao local que nos mais interessa… é de génio! De uma limpeza selectiva abismalmente fabulosa! Também pode ver florestas… umas agradáveis, outras desagradáveis mas tem sempre uma componente psicológica fabulosa… Pode haver muito instrumento com fome mas com o bidé, passar sede… nunca passa!
Fica o registo de mais uma imbecilidade… hoje na casa de banho e sem ser patrocinado pela CERES!