OCINÓRI - A Tasquinha do Irónico

quinta-feira, novembro 02, 2006

VIRÓDISCO.....

Todos os anos por esta altura é a mesma coisa. O Orçamento de Estado é o centro das atenções e alvo de jornalismo ignorante. Os sucessivos governos que este país tem tido, devem pensar que para nós acreditarmos que eles fazem MESMO alguma coisa devem produzir consecutivamente alteraçõeS designadamente nas políticas fiscais. Tira-se um beneficio aqui, aumenta-se uma taxa ali, muda-se um prazo acolá. Eis que depois de aturada reflexão, e principalmente depois de ler na diagonal alguns dos os inúmeros resumos que as empresas de auditoria, escritórios de advogados e afins produzem, concluo que o OGE (ainda em fase de proposta) até possui alguns aspectos interessantes.
Vejamos:
1) deficientes - ainda não percebi as consequências prácticas do que os gajos alteraram mas prometo dedicar mais alguma a tenção a ver se aprendo
2) reformados - nada de especial: passam a ser tributados com regras mais próximas das do trabalho dependente com especial perda de benesses para os rendimentos mais altos; nada de chocante. Chocante é a forma como o tema tem vindo a ser tratado, em que jornalistas que deviam a fazer entrevistas a ex-participantes no Big Brother utilizam tempo de antena a dizer asneiredo do grosso, como por exemplo a fingirem-se indignados pelo facto de os pensionistas passarem a pagar impostos (hello!).
3) o tabaquito vai levar mais pancada (paradoxalmente, as drogas não!)
4) os combustiveis vão levar mais pancada - aqui é que eu não entendo: o Estado podia tentar aguentar os combustiveis porquanto a energia e os transportes são bens essenciais que têm sofrido penalizações avultadas, só pelo funcionamento do mercado; e não esqueçamos que a industria automóvel ainda é considerada um cluster importante da nossa economia, se é que a este nivel podemos relacionar uma coisa com a outra
5) o gasóleo pintado vai levar uma pancada de 33% (strictu sensu: taxa do imposto!) o que me leva e questionar se hei-de comprar uma caldeira a gasóleo se a gás natural (ai vida!...)
6) os jovens que andavam a doar as casas aos familiares directos, beneficiando de isenção do imposto de selo, para provocar reavaliações patrimoniais dos imóveis e por essa via levar menos pancada nas menos valias, fiquem sabendo que a posse após a doação tem que durar pelo menos 2 anitos, senão levam pancada na mesma (sinceramente não percebo qual era o problema...)
7) esta é boa: as casas do algarve cujo proprietário fôr uma off-shore vão levar com menos IMI (de 5% para 1%) - o nosso Governo quer mais bifes golfistas!! Atenção que isto é uma interpretação altamente simplificada! Só como nota, sabeis qual o nome oficial para off-shore? "Sujeitos passivos não residentes em território nacional, com sede ou establecimento estável em território com regime fiscal claramente mais favorável" ... ou coisa assim.
8) No iva duas pequenas medidas boas que podem simplificar a vida de vermes como eu, na labuta da lambidura das facturas, mas que não vale a pena enunciar
9) Casados e solteiros passam a ser equiparados na dedução á coleta. Os solteiros levam menos 5% e os casados levam mais 5%. Assim, nivela-se a coisa.
10) A tributação dos capitais e das instituições financeiras leva mais uns empurrõezitos.

Resumindo: no próximo ano vamos (quase) todos pagar mais impostos porque o Governo os vai aumentar e ninguém está preocupado com o assunto. Ainda andam todos lixados com o aumento do iva para 21% e preparam-se para brincar aos abortos.

Lá diziam os Metallica: Sad But True.

Ó amigos Sócrates e Teixeira dos Santos: e que tal uns estimulozitos à natalidade?, à protecção ambiental?, à poupança de médio prazo?, ao maior investimento no consumo de cultura?, à melhoria das vias de comunicaçao e transportes públicos?, à modernização e ordenamento urbanos?
Aguardemos optimistas.

6 Comments:

  • Agurdamos... mas sentadinhos... pois porque as varizes são uma das principais causas de sofrimento dos trabalhadores portugueses...

    By Anonymous Anónimo, at 12:36 da manhã, novembro 03, 2006  

  • Gustavo, acreditas que já tinha em mente o que ia comentar quando reparei no teu título? É quase como a outra máxima... a doodie é a mesma, só o cheiro é que tem umas nuances!

    By Anonymous Anónimo, at 10:39 da tarde, novembro 03, 2006  

  • e todos os anos se ouve dizer que é o pior orçamento de estado de sempre... para quando um bom, ou até mesmo razoavel???

    By Blogger Aquela que escreveu, at 9:37 da tarde, novembro 04, 2006  

  • Aquilo que quis fazer foi listar algumas das alterações que mais directamente nos vão tocar e ao mesmo tempo fazer reflectir sobre temas que no dia a dia ultrapassam o comum dos mortais.

    Se o orçamento é bom ou mau devo dizer que, podendo não ser crível, nunca pensei nisso. No que penso, isso sim, é em AQUILO que dá origem ao orçamento ser tornar melhor progressivamente. O Orçamento é apenas e só a contabilidade previsional da coisa. E como ferramenta de navegação ainda tem muito para explorar em termos de avaliação dos governantes.

    By Blogger Gustavo, at 12:38 da manhã, novembro 05, 2006  

  • Bem... em relação a este orçamento é notório, que mais uma vez é prejudicial à classe média portuguesa. Noto que cada ano que passa haverá um fosso maior em só duas classes sociais... Os ditos pobres e os ditos ricos! Isto de andar apertar o cinto... já me doi a garganta! Ops... a cintura não é no pescoço!

    By Blogger Tentini, at 10:02 da manhã, novembro 06, 2006  

  • Um "piqueno" à parte, mas queres maior incentivo à natalidade que receber os chineses em Portugal? E nem foi preciso abrir as portas porque eles saltaram logo os muros, pequeninos mas habilidosos.
    Um país que albergue pelo menos 4 casais de chineses bem pode contar com um violento aumento de natalidade... levam sempre as suas tarefas muito a sério.
    Daí para a frente é aproveitar a veia oriental das novas gerações e garantir modernos escravos que trabalham muito e protestam pouco. Moral da história, os chineses fazem bem ao orçamento de qualquer pais.

    By Anonymous Anónimo, at 10:25 da manhã, novembro 06, 2006  

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