OCINÓRI - A Tasquinha do Irónico

terça-feira, abril 12, 2011

O FIM DA PICADA

Eis onde nos situamos.
Toda a minha vida ouvi dizer que o 25 de Abril, mais do que uma mudança de regime, tinha sido um ganhar de vida nova. A liberdade ganha representava, então uma bondade impossível de medir. Antes, não se podia falar. Antes, o povo vivia mal. Antes, subsistiam apenas os pactuantes do regime. Antes, nem se podia usar bikini. Antes, não se podia circular, nem negociar, nem expressar, nem havia oportunidades.
Nasci em 76 e faço parte duma geração a quem muitas vezes não é reconhecido o direito de opinar sobre isto. Posto o 25 de Abril, podemos não ter mais nada, mas temos o direito a opinar. Até demais. Os contemporâneos ou, porque não dizer, os operários, dessa mudança de regime, fizeram parir uma sociedade em que se constata, olhando à volta, um consumismo desenfreado e que não pode parar em nome da não estagnação económica. Não ter acesso a bens é encarado como um regresso ao passado mau. Vivam os TDIs, os dvds, as playstations, os touchscreens, os smart phones, a banda larga, o 3G os iphones, os ipads e todas as mega i-merdas pagas em prestações com juro implícito à taxa cega pelo desejo de consumir.
Pensava que era tão ingénuo! ...pois não entendia como é que as margens podiam continuamente afastar-se sem que nunca perdessemos o apoio e caíssemos no buraco. Pois agora não chegamos a nenhuma da margens. Num Lucky Luke li há muitos anos: primeiro disparas e só depois é que fazes perguntas.
Tenho pena da herança que vamos deixar para os nossos filhos. Um planeta enrugado, sem combustiveis, sem alimentos, sem agua, sem esperança - diz-se que daqui a 30 anos. No imediato: SEM JUIZO.
Quanto à aritmética exclusiva, as contas são simples: há 37 que gastamos mais do que temos e isto é o maior atentado á liberdade que pode haver. Pagamos o consumo de hoje com o produto da geração seguinte. Nestes dias recentes, alguns parecem ter acordado para o problema.




Estes dois clubistas da política profissional querem cortar a quem ainda vai tendo qualquer coisa de decente para viver e vão continuando a patrocinar os rui pedros soares que sugam com caudal gigante a teta de Portugal. Orgulhem-se em fingir que são os maiores. Orgulhem-se em ser inflexiveis para mostrar quem manda. Orgulhem-se com trocas de palavras inúteis. Orgulhem-se com actos cujas consequências caem sobre todos menos vocês. Daqui a mil anos saberemos o desfecho.